sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Sugestões Cinematográficas

Woody Allen está de volta. É a sua terceira aventura inglesa, depois de 30 anos a ser o realizador de Nova Iorque, apaixonado pela big apple, está agora rendido aos charmes britânicos. Talvez seja pelo fracasso no box-office que os seus filmes têm tido desde há algum tempo nos EUA, salvando-se apenas na Europa. Match Point foi um marco. Não só inaugurou esta nova fase da carreira do realizador, como era em si um filme extraordinário. O Sonho de Cassandra parece ser um pedido de desculpas pela teoria defendida em Match Point. Dois irmãos com problemas financeiros resolvem matar um homem a pedido de um tio rico, que os recompensa generosamente. A culpa. O tema central de O Sonho de Cassandra é a culpa, a linha que se atravessa entre o bem e o mal, e as consequências de a atravessar. Era já um dos temas de Match Point, mas enquanto que nesse filme era abordada de uma perspectiva intrigante (a sorte como o factor fundamental que decide o nosso caminho na vida), aqui é quase um regresso aos clássicos. O Sonho de Cassandra é uma tragédia clássica, grega, com os temas e construção de uma tragédia grega, mas com a working class inglesa como pano de fundo. Ewan McGregor e Colin Farrell fazem os respectivos papeis em modo automático (Farrell tem duas caras apenas, sobrancelhas levantadas em sofrimento, ou sobrancelhas para baixo). No final de contas é melhor que a média do que se costuma encontrar pelas salas, mas um Woody Allen nitidamente menor.

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